quinta-feira, 29 de abril de 2010

A comida



Uma das peguntas mais frequentes é sobre a comida japonesa. Eu adoro a comida japonesa, isso me torna torna um pouco parcial a esse respeito, mas nem tudo é tão bom assim, posso garantir.

Depois de quase um mês comendo aqui, sinto que já estou habituada com o sabor adocicado em tudo e o gosto do gengibre na carne. Até mesmo no Mac Donald's o tempero tende ao gosto japonês. O MacChicken que comi tinha gosto de gengibre e a batata era meio murcha e mole, porque os japoneses preferem assim.

Que os japoneses preferem as batatas murchas e moles foi uma amiga da faculdade que me contou, que para eles a batata meio mole é melhor que a crocante.

Uma coisa muito interessante é que toda comida vem separada e em pequenas porções. Nada de feijão em cima do arroz ou macarrão com farofa. Tudo vem separado, às vezes até em recipentes separados. E o caldo de galinha é terrível, pelo menos o da JICA é muito ruim. Tem gosto de caldo de galinha dissolvido na água e só, tempero de miojo com água e uns milhiozinhos no meio. Então se forem escolher um caldo, sempre optem por misoshiro, que é sempre bom.

O peixe daqui é simplesmente maravilhoso e as frituras têm um crocante inigualável. Mas já vou avisando para quem gosta de comer muita carne que as frituras vêm com uma camada de massa em volta, então as carnes fritas sempre parecem maiores do que realmente são.

A salada é sempre de repolho. Às vezes, se voce der sorte, consegue um tomate ou um pepino, mas eralmente é repolho e cebola.

Os doces são todos meio sem doce, se comparados com os doces brasileiros. Mas são extremamente bonitos e apetitosos. São verdadeiras obras de arte feitas para serem comidas. Mas para quem gosta de coisas realmente doces, certamente esses doces são meio sem graça. Agora, o sorvete é incrível. Vale a pena gastar um pouco para experimentar.

Bolos verdes têm gosto de chá verde. E aliás, tem muitas coisas com sabor de chá verde por aqui, até mesmo chocolate de chá verde eu experimentei. Tem um sabor exótico.

E o que nao falta por aqui são snacks e aperitivos. Tem para todos os gostos e de todos os sabores da culinária japonesa, isso inclui curry, nori e claro, peixe. Tem de todos os formatos e com todos os seus personagens de anime favoritos. E para acompanhar os snacks, a variedade de bebibas alcólicas é considerável. Tenho a meta de experimentar pelo menos a metade delas em 10 meses, mas com certeza vou ter que me emprenhar bastante ou não vou dar conta.

E claro, tem aquelas coisas que é melhor você nem perguntar de que é feito antes de colocar na boca, senão você não experimenta mesmo.

Mas se for para não comer, então nem compre, porque a comida é meio cara por aqui. Não é a toa que os japoneses são magrinhos feito palitos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Viagem



E voltando um pouco no tempo, essas são as pessoas com as quais viajei do Brasil até o Japão. Ainda no aeroporto de Guarulhos nos reunimos e começamos a andar em grupo. A viagem foi longa e cansativa. As poltronas dos aviões não eram assim tão confortáveis e o atendimento das aeromoças da Canadian Airlines não era bom também. Mas ao nos depararmos com a empresa japonesa de transporte, a situação ficou um pouco diferente.

Ainda em Vancouver fui informada pela JAL que a minha mala havia sido danificada na troca de aviões. A funcionária ainda me disse que eu deveria procurar pelo guichê da empresa assim que chegasse a Narita para que pudesse reclamar pela mala. E quando entramos no avião, o tratamento foi outro. As poltronas sim, eram apertadas ainda, mas a atenção e o cuidado que as comissárias de bordo nos destinaram foi excepcional. Acho que os canadenses devem aprender com os japoneses como seres verdadeiramente educados e solícitos.

E chegando no aeroporto de Narita, assim que fui apanhar minha mala, vi um cartaz com o meu nome e tão logo eu me aproximei do cartaz, um funcionário da JAL veio falar comigo a respeito da minha mala. Ele me indicou o local onde eu derveria ir, até me deu um mapa. E quando eu cheguei na sala, em menos de 10 segundos, um outro funcionário já me atendeu e disse que iria buscar outra mala para mim. Ele trouxe uma mala nova, da mesma qualidade e até mesmo um pouco maior que a minha. Conduziu-me até um local reservado para que eu pudesse trocar as minhas coisas de lugar e enquanto isso ele preenchia toda a papelada. Assim que terminei, ele já estava com tudo pronto e aguardava minha assinatura. A única coisa que pediu foi para ver meu ticket de embarque.

E estava feito, em menos de 10 minutos, tudo resolvido. O detalhe é que foi a empresa canadense que quebrou a minha mala no trajeto de Toronto a Vancouver.
E se a minha primeira impressão do Japão enquanto país foi de um lugar consumista, minha primeira impressão do povo japonês foi de um povo extremamente solícito e eficiente no trabalho. Eles não se deixam levar pelo humor ou pelo bom e mau tempo. Em seu trabalho, apenas agem da maneira como devem agir, visando ao máximo a satisafação do cliente.
Não julgo a índole dos japoneses, mas a sua eficiência enquanto prestador de serviços é incontestável.

sábado, 24 de abril de 2010

O começo


Nada melhor para começar um blog que fala sobre minha viagem ao Japão, que uma bela foto de um dos maiores pontos turísticos do país. Então cá está: Minato Mirai.
Essa foi a minha primeira impressão desse país de discrepâncias. Um grande emaranhado de luzes e de dimensões colossais. Foi nesse lugar que passei meus primeiros dias. Ao lado de uma das maiores rodas-gigantes do mundo, perto de um dos maiores prédios do mundo, vizinho de uma das maiores redes de hotéis do mundo.
Tudo muito grande e ostensivo, iluminado e brilhante, desde os prédios às roupas das japonesas, cheias de glitter, rendas e strass.
Sem dúvidas, um país que esbanja ares de riqueza e glamour. É aqui que começa a minha viagem a esse mundo completamente diferente do meu, um mundo que é lindo e que de tão imenso chegar a assustar, me assustar. Me amedronta, não no sentido de sentir medo de estar em tal lugar, mas pelas razões disso tudo existir. Sim, sou um pessoa simples, simplista até. E nesse lugar de grandes negócios senti o peso do capitalismo sobre meus ombros, caindo como uma chuva de inverno, de leve, mas gelada o suficiente para se temer pegar um resfriado.
É um mundo completamente voltado ao consumo. E é exatamente esse consumo que sustenta o país como uma das maiores potências mundiais. Minha primeira impressão foi de um país onde o dinheiro tem um valor maior que o próprio dinheiro. A ostentação e o luxo determinam que tipo de pessoa você é, se tem valor ou não. É um mundo completamente envolvente, que me faz desejar ter dinheiro também, para poder consumir todos os produtos que me são oferecidos.
É nesse mundo que vou passar dez meses da minha vida, tentando me adaptar aos costumes e à lingua local. Terei aula numa faculdade e viverei como uma estudante de intercâmbio durante esse tempo. E aqui pretendo registrar minhas impressões a respeito desse país, seus costumes, sua moda, sua língua, sua história e tudo mais que eu presenciar.
E quem quiser me acompanhar, será bem-vindo.